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Astrologia: As casas de água – parte 2/3


2. As casas 4, 8  e 12

A casa 4 revela o condicionamento que nos liga à família desta vida, à casa, ao sentido de privacidade e tranquilidade doméstica e a outros fatores de segurança. Está associada à assimilação da nossa experiência na juventude e à compreensão dos laços cármicos específicos com os pais ou com outras pessoas que tenham tido forte impacto na nossa criação. Também representa anseio de um ambiente pacífico em que a pessoa se sinta protegida e amada. As pessoas com ênfase na casa 4 em geral sentem necessidade desse ambiente, assim como adotam um comportamento protetor e carinhoso com os outros (alguns planetas na casa 4, porém, sobretudo Urano e Marte, diminuem as possibilidades de a pessoa exprimir tranquilidade nesta área da vida). A paz por que essas pessoas anseiam é muitas vezes procurada por meio de um estilo de vida particular ou da libertação de complicações emocionais próprias de relações familiares, seja pelo distanciamento físico, seja pela sutil harmonização do que sentem pela família a um nível mais profundo.

A casa 8, por sua vez, também mostra uma grande necessidade de privacidade. Normalmente a pessoa com ênfase nesta casa é muito mais difícil de se deixar conhecer intimamente. Além disso, não se satisfaz com a privacidade, quer poder. Deseja exercer poderosa influência no mundo, mas mantém essa inclinação secretamente; a motivação é, em geral, compulsiva, levando a pessoa a perseguir vários fins dos quais está carmicamente dependente.

A casa 8 também mostra um passado condicionador, de vidas anteriores, do qual às vezes a pessoa tem consciência, mas que continua a agir instintivamente, e do qual deriva grande poder emocional, mais de fontes ocultas do que conscientes.

Os planetas na casa 8 mostram tendências emocionais compulsivas que tentamos controlar e geralmente manter secretas, mas que, no entanto, exercem uma influência formidável na nossa vida. É difícil eliminar esses impulsos apenas com força de vontade, como muitas pessoas com ênfase de Plutão, Escorpião ou da casa 8 tentam fazer; tais impulsos podem ser transformados ou regenerados e dirigidos com empenho na autorreforma, combinado com intensa experiência imediata. A repressão ou o autocontrole nunca são suficientes para enfrentar os fatores de vida que os planetas da casa 8 evidenciam. A pessoa deve se envolver voluntariamente com os outros e aprender a correr riscos de vez em quando, permitindo que a energia flua livremente e as mais profundas sensações e inclinações venham à superfície.

A casa 8 se relaciona com a assimilação de experiências de muitas vidas nos domínios da sexualidade, dos valores ligados às relações íntimas humanas e das responsabilidades próprias do uso de poder que tenha impacto nos outros. Também representa um anseio de profunda paz emocional, que ajudará a pessoa a libertar a pressão dos instintos e das emoções compulsivas – esse anseio que a alma tem de segurança e tranquilidade (salvação) só pode ser atingido com a libertação de desejos e propósitos compulsivos.

Poucas pessoas com ênfase na casa 8, no entanto, compreendem a verdadeira natureza dos seus desejos mais profundos; ao contrário, procuram estabelecer a paz por meio da satisfação das emoções (com dinheiro, sexo, poder temporal, conhecimento oculto, etc.), em vez de lutar para vencer o poderoso domínio que suas emoções exercem sobre si e, enfim, experimentar a paz emocional proveniente do empenho na autorreforma, acompanhando a evolução espiritual.

Finalmente, a casa 12 revela influências fora do nosso controle. Muitas vezes a pessoa vê que não é capaz de satisfazer seus anseios mais profundos com atividade vulgar, embora geralmente essa consciência precise de anos de sofrimento para se desenvolver. O desejo de paz emocional encontrado na casa 8 continua presente, mas aqui está fundido com uma consciência da necessidade de paz última para a alma.

Os planetas na casa 12 simbolizam forças que frequentemente nos dominam e que só podem ser eficazmente enfrentadas se redirigirmos essa energia para um ideal que nos inspire intimamente a conquistar um maior autoconhecimento e uma maior devoção pela Unidade de todas as coisas, e, externamente, uma maior generosidade de espírito e sentido do dever. Esta casa está relacionada ao processo de assimilação de um vasto manancial de experiências em todas as dimensões da vida, particularmente o modo como enfrentamos as responsabilidades com os outros seres vivos.

Por meio da devoção, da prática espiritual e da abnegação, a pessoa começa a se libertar dos resultados das ações passadas e das impressões mentais que as acompanham. O contato com um vasto panorama de experiências de vida passada pode também habilitar a pessoa a exprimir uma imaginação sem limites nas artes criativas, bem como a compreender e a identificar-se imediatamente com as dores e alegrias de todas as criaturas vivas. Tanto a casa 8 quanto a 12 estão relacionadas com estudos e práticas ocultos e metafísicos, com o sofrimento profundo, com o renascimento e com uma consciência imediata das realidades das dimensões psíquicas e espirituais da vida.

A diferença fundamental entre a casa 8 e a casa 12 é que, enquanto os planetas da 8 têm que ser imediatamente enfrentados e postos a nosso serviço, os planetas da casa 12 podem, muitas vezes, ser transcendidos. No primeiro caso, trazem-se à superfície as velhas tendências, visando transformá-las por meio de um envolvimento imediato e intensivo; no segundo caso, a pessoa coloca-se inteiramente acima dos problemas.

*Texto escrito com base no livro "Astrologia, karma e transformação", de Stephen Arroyo, páginas 34 a 40.

Por Sol Antônia


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